quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Escorpiões: comida do futuro?


Escorpião:comida do futuro
BBC
01/11/2016 11h18 - Atualizado em 01/11/2016 11h18

Grilos, larvas e escorpiões serão a comida do futuro?

Reportagem da BBC visitou fazendas produtoras de insetos para consumo humano na Califórnia e no México, onde empreendedores apostam que a tendência vai se popularizar nas mesas de todo o mundo.

Katy Watson e Sarah TreanorDa BBC News
Os fundadores da Coalo Valley Farms acreditam que a criação de grilos e outros insetos possa ser o futuro do setor agrícola  (Foto: BBC)Os fundadores da Coalo Valley Farms acreditam que a criação de grilos e outros insetos possa ser o futuro do setor agrícola (Foto: BBC)
Cinco amigos de faculdade resolveram iniciar uma revolução em um depósito no bairro de Van Nuys, na cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos.
Os amigos trabalham com agricultura urbana na empresa Coalo Valley Farm. Mas não é uma fazenda comum: o galpão está lotado com um "microrebanho", como um dos fundadores e diretor-executivo da companhia, Elliot Mermel, gosta de chamá-lo.
O "micro-rebanho" é formado por milhares de grilos e larvas de besouros. A Coalo Valley Farm é a primeira fazenda de insetos para consumo humano do Estado da Califórnia. E os donos do projeto têm grandes planos.
"Sabemos que insetos são uma fonte sustentável de proteína e, no momento em que o mundo já está lutando para alimentar 7 bilhões de pessoas, queremos tentar encontrar uma forma de alimentar as gerações futuras", diz Mermel.
Instalações da fazenda californiana lembram galpões de cultivo de maconha  (Foto: BBC)Instalações da fazenda californiana lembram galpões de cultivo de maconha (Foto: BBC)
A fazenda buscou seguir diretrizes ecológicas e ambientais, considerando que a Califórnia sofre com clima seco e falta d'água.
O diretor-executivo se refere às operações da fazenda como um "circuito fechado": quase tudo é gerado no local. Peixes criados lá fornecem a água residual que sustenta os brotos de alfafa e o feijão, que, por sua vez, alimentam os grilos.
As instalações da empresa também se assemelham a galpões de cultivo de maconha - os cinco amigos pegaram emprestada a tecnologia desta indústria. As barracas prateadas são aquecidas e, dentro delas, há fileiras de tonéis e prateleiras com insetos.
Elliot Mermel defende que insetos podem colaborar para uma dieta mais sustentáve (Foto: BBC)Elliot Mermel defende que insetos podem colaborar para uma dieta mais sustentável (Foto: BBC)
Eles começaram o negócio em 2015, mas já contam com fãs nos mercados de comida saudável e barras de proteína.
Larvas de besouros cultivadas na Coalo Valley Farm, empresa criada em 2015  (Foto: BBC)Larvas de besouros cultivadas na Coalo Valley Farm, empresa criada em 2015 (Foto: BBC)
Desbravando mercados
Ao sul da fronteira, no México, o cenário do mercado para esses novos empreendimentos não é tão simples.
Os insetos são consumidos no país desde antes da chegada dos colonizadores espanhóis. Não há, portanto, grande aversão cultural a a comê-los. Mas a criação de insetos para consumo humano ainda não existe.
Rene Cerritos, biólogo na Universidade Nacional Autônoma do México, trabalha com fazendeiros do país para tentar estimular a produção de insetos comestíveis.
Segundo ele, o México abriga cerca de 25% das quase 2 mil espécies de insetos comestíveis do mundo, mais do que qualquer outro país no mundo. Mas a demanda ainda é baixa.
"Os ocidentais têm um problema concreto com o consumo de insetos (...) O México está se ocidentalizando, então, muitas tradições que tínhamos desde os tempos pré-colombianos foram perdidas. Os insetos estão lá, toneladas e toneladas deles. E poderíamos cultivá-los e consumi-los, mas não fazemos isso."
Para Silvio Nihei, professor de Zoologia no Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), o número estimado pela ONU de quase 2 mil espécies de insetos comestíveis pode ser bem maior.
"Temos aproximadamente 1 milhão de espécies de insetos descritos (conhecidos) no planeta", explicou Nihei à BBC Brasil.
O professor então cita apenas o exemplo brasileiro e elabora uma hipótese.
"Em escala nacional, só de besouros das famílias Cerambycidae e Curculionidae há 10 mil espécies brasileiras (no mundo somam mais de 100 mil espécies), e de formigas são 2,5 mil espécies. Se restringirmos esses números para espécies de maior tamanho (e maior valor calórico e nutricional), poderíamos pensar em algo em torno de 2 a 3 mil espécies de besouros e umas 500 espécies de formigas. Isso só no Brasil."
Praga que dá lucro
Na Califórnia, a criação é de grilos. Já no México, os novos fazendeiros se concentram nos gafanhotos. As diferenças são sutis: os grilos são onívoros (se alimentam de fontes vegetais e animais) e os gafanhotos, vegetarianos.
José Moreno Sanchez espera conseguir lucros com a criação de gafanhotos para consumo humano  (Foto: BBC)José Moreno Sanchez espera conseguir lucros com a criação de gafanhotos para consumo humano (Foto: BBC)
No México, os gafanhotos são considerados pragas, porque atacam lavouras e reduzem a produção, dando prejuízos aos fazendeiros.
José Moreno Sanchez é fazendeiro há 30 anos e decidiu mudar a relação com esses insetos.
"Os gafanhotos comeram as lavouras, e o dano financeiro foi grande, especialmente quando semeávamos verduras. Então, em vez de lutar contra eles, decidimos transformar os gafanhotos em negócio", contou.
Agora, ele espera algum lucro com os gafanhotos de sua fazenda.
Sanchez diz que a grande maioria dos gafanhotos são capturados de maneira informal. As pessoas coletam os insetos, mas não são donas da terra - e geralmente pisoteiam lavouras para capturar os bichos, irritando os fazendeiros.
O chef e crítico gastronômico mexicano Alejandro Escalante diz que a relutância dos fazendeiros mexicanos em relação aos gafanhotos é "terrível".
Ele faz uma lista dos insetos que usa na cozinha de seu restaurante, La Casa de los Tacos, no sul da Cidade do México, entre eles escorpiões e carrapatos.
O chef afirma que todos são deliciosos. "Eles têm muita proteína, são saborosos e há uma grande variedade."
Alejandro Escalante prepara insetos em seu restaurante  (Foto: BBC)Alejandro Escalante prepara insetos em seu restaurante (Foto: BBC)
ma que no Brasil não há levantamento dos insetos usados como alimentos.
"Mas o mais comum são os seus produtos derivados - mel, geleia real, própolis. Já o consumo de insetos inteiros é incomum por aqui, mas sabemos que em muitas partes do país, principalmente no interior, consome-se o abdômen de saúvas fêmeas quando estão cheias de ovos (chamadas de içá ou tanajura)."
Para Nihei, se fosse feito um levantamento das espécies de insetos consumidas no país, "seria um número bem reduzido entre a sociedade não indígena, enquanto o número para as comunidades indígenas, onde este hábito é mais comum, seria maior."
Iguarias finas
O mercado de San Juan, no centro da Cidade do México, é uma amostra desta variedade de insetos comestíveis.
O grande galpão é onde se pode ter uma experiência gastronômica e encontrar uma variedade incrível de tipos de carne, incluindo crocodilo e avestruz.
Mas também é possível encontrar tarântulas, escorpiões, gafanhotos e larvas de agave. Sendo que algumas espécies em exposição ainda estão vivas.
Insetos e aracnídeos, contudo, não são baratos. E o potencial de lucro é uma das razões que levaram Alessandro Spagnuolo e sua família a abrir a própria fazenda de insetos, onde coletam algo que é conhecido como o "caviar" do México, larvas das formigas Liometopium apiculatum ou "escamoles".
A companhia da família de Spagnuolo, a JC Redon, fica em uma fazenda em Hidalgo. Eles levaram a reportagem da BBC para um passeio por trilhas locais em busca de ninhos com ovas de insetos e plantas de agave, onde as larvas podem ser encontradas.
A temporada não tem sido muito boa e há poucas plantas de agave. O que pode explicar o preço da larva: cerca de US$ 100 (R$ 320) o quilo.
Exclusividade x popularidade
A exclusividade do produto é parte do charme para consumidores mais exigentes.
Mas Spagnuolo acredita que a popularidade de seus produtos aumentará em breve, tornando exportações para a Europa, por exemplo, uma realidade.
Por enquanto, as leis não permitem exportação de insetos para consumo humano do México para o continente europeu.
"É como sushi. Há 20 anos, poucas pessoas na Europa achavam que não tinha problema comer peixe cru - agora, está em toda parte. Será o mesmo com insetos", explicou Spagnuolo.
De volta à Los Angeles, Elliot Mermel e o grupo de produtores da Coalo Valley Farm estão descobrindo que os clientes preferem os insetos sem as pernas e, frequentemente, moídos até virar pó.
Talvez a ideia de pedir um prato de insetos ou uma porção de grilos ainda é um passo muito grande para os consumidores que nunca tiveram por perto uma cultura de consumo de insetos.
É possível encontrar uma grande variedade de insetos e aracnídeos comestíveis no mercado de San Juan  (Foto: BBC)

sábado, 23 de julho de 2016

Escorpião : um problema de saúde pública



Anti-inflamatórios barram efeitos do veneno de escorpião

Anti-inflamatórios barram efeitos do veneno de escorpião


Márcia Ribeiro-15.jan.2013/Folhapress
Escorpiões da espécie _Tityus serrulatus_ criados no Centro de Controle de Zoonoses de Ribeirão Preto (SP)
Escorpiões da espécie Tityus serrulatus criados no Centro de Controle de Zoonoses de Ribeirão Preto

Os efeitos mais sérios do veneno do escorpião-amarelo (Tityus serrulatus), o mais perigoso do Brasil, talvez possam ser barrados com o uso de anti-inflamatórios comuns, sugere uma pesquisa da USP de Ribeirão Preto.
Em experimentos com camundongos, esses remédios conseguiram evitar problemas severos nos pulmões e a morte dos animais, mesmo quando recebiam doses teoricamente letais da peçonha.
A equipe da USP (Universidade de São Paulo) está se preparando para testar a abordagem com amostras de sangue humano. Se os resultados forem promissores, pessoas picadas pelo animal poderão receber os anti-inflamatórios logo de cara, antes do soro que funciona como antídoto do veneno.
"Ainda é cedo para dizer se seria possível dispensar o soro", explica a biomédica Lúcia Faccioli, que coordenou a pesquisa. "Ele serve para neutralizar o veneno, mas, até que cumpra essa função, os danos no pulmão já terão acontecido. Nossa expectativa é minimizar esses danos."
O estudo, que saiu na revista científica "Nature Communications", ajudou a elucidar detalhes do mecanismo de ação do veneno que ainda eram misteriosos. O que os cientistas verificaram é que a peçonha do escorpião atua sobre o chamado inflamassoma, um conjunto de moléculas do interior das células que desencadeia reações inflamatórias –em geral quando o organismo é invadido por micróbios, por exemplo.
"Venenos como o do escorpião exploram o sistema imune do organismo. O veneno induz uma superativação do sistema imune e pode até matar. Isso ficou claro recentemente com pesquisas sobre o veneno de abelhas", explica outro coautor do estudo, o biólogo Dario Zamboni.
INFLAMAÇÃO
O processo desencadeado pela picada do T. serrulatus é complexo, mas duas moléculas-chave na reação inflamatória são a PGE2 (prostaglandina E2, um tipo de lipídio ou gordura) e a IL-1beta (interleucina-1 beta). Ao que tudo indica, a primeira molécula a ser produzida nas células da defesa do organismo por conta da presença do veneno é a PGE2. Ela, por sua vez, ativa o inflamassoma, levando à produção de IL-1beta, um importante sinalizador do sistema imune –cuja presença desencadeia ainda uma nova e mais potente rodada de produção de PGE2.
Dependendo de fatores que podem estar ligados às características genéticas do indivíduo, esse processo pode sair do controle. O normal é que a picada provoque dor e inflamação apenas no local penetrado pelo ferrão, mas nos piores casos a inflamação desencadeia um edema nos pulmões, o que pode levar à morte. E nem sempre o soro pode reverter esse quadro.
Os pesquisadores da USP, no entanto, verificaram que os anti-inflamatórios indometacina e celecoxibe, que inibem a produção de prostaglandinas como a PGE2, conseguiram evitar os piores efeitos da peçonha nos camundongos de laboratório. "Agora vamos convocar voluntários para doarem sangue e verificar se, em contato com o veneno, também ocorre a produção de IL-1beta", diz Lúcia.
Depois disso, a ideia é analisar o sangue de pessoas que acabaram de ser picadas por escorpiões e verificar se as mesmas moléculas mediadoras do processo inflamatório achadas em camundongos também estarão presentes. O teste definitivo envolveria fornecer aos pacientes os anti-inflamatórios logo após os ataques de escorpiões.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Como capturar um escorpião...


 COMO CAPTURAR UM ESCORPIÃO...


Captura
Os escorpiões devem ser capturados invertendo-se um recipiente (como no caso das aranhas), podendo utilizar um graveto para auxiliar o procedimento, pois eles não saltam.

Pode-se também improvisar uma pinça com taquara ou bambu (pinça de Bücherl):
Corte um gomo de bambu e abra uma fenda até o nó, introduzindo em seguida uma rolha de cortiça que irá manter as hastes afastadas.



Capture-o segurando-o pela cauda com o auxílio da pinça.
Assim evitará possíveis picadas, pois os escorpiões não lançam veneno a distância


Observações:
Nunca utilize sacos pláticos para aprisionar os animais.
Nestes casos, as fugas e acidentes são inevitáveis.
Procure também a Unidade Básica de Saúde (posto de saúde) mais próximo para a entrega de escorpiões, pois este fará a notificação e enviará ao Instituto Butantan de São Paulo, dentro do plano de controle de escorpiões.
O Instituto Butantan também fornece caixas para o transporte de escorpiões, que são usadas para grandes quantidades de animais e não têm divisões, pois eles podem ficar todos juntos.
Convém colocar bagaço de cana úmido ou cascas de árvores presos às paredes internas das caixas. Nestas condições, os escorpiões podem permanecer até oito dias.
fonte: Manual de Fornecedores do Instituto BUTANTAN
http://www.fazfacil.com.br/manutencao/praga-domestica-escorpioes/2/